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| Foto: reprodução/Fiocruz |
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Foto: reprodução/Obras Raras Fiocruz
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Segundo a responsável pela seção que abriga o livro, Maria Cláudia Santiago, a Fiocruz fez estudos históricos e materiais quecomprovaram que a obra data do período entre o final do século 17 e início do 18. O papel e a tinta usados são compatíveis com o período.
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| Responsável da Seção de Obras Raras da Fiocruz, Maria Cláudia Santiago, com o manuscrito. Foto: Raquel Portugal / Icict / Fiocruz |
Nesta mesma obra, Oswaldo Cruz foi responsável por estudos sanitários na região onde aconteceu a construção da ferrovia. “Acreditamos que o próprio Catramby tenha presenteado Oswaldo Cruz com o livro na ocasião da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, mas não temos registro disso”, explica Maria Cláudia.
Já em posse do cientista, o livro teria passado a fazer parte do acervo pessoal de Oswaldo Cruz, que posteriormente deu origem à biblioteca onde a obra se encontra atualmente.
A especialista conta que a obra é um marco histórico importante na história da medicina, já que relata o que era praticado à época no país. E, mesmo que a autoria seja atribuída aos jesuítas, as receitas presentes no “Formulário Médico” misturam hábitos das principais culturas que formaram a população brasileira: a indígena, a africana e a europeia.
“Ele vai retratar como a cultura se enraizou com as palavras e com as práticas que até hoje permanecem. [No livro] você tem visivelmente uma medicina acadêmica concebida nas universidades europeias — já que no Brasil elas ainda não existiam — associada ao próprio conhecimento popular da terra, das pessoas que moravam aqui e observavam a utilização dessas ervas na cura e no tratamento das doenças”, conta Maria Cláudia.
Uma das receitas que mostram essas práticas é a Triaga Brasílica, na época produzida na Escola Jesuítica da Bahia. Muito antiga, ela ganha no receituário ingredientes do território brasileiro. “Ela é como uma panaceia, uma garrafada, e era usada para as mais diversas doenças, como ‘mordedura de cobra'”, explica a pesquisadora.
Segundo informações da biblioteca, o livro contém receitas para doenças como varíola, sífilis e tuberculose. Inclui também tratamentos para outros males comuns no período, como azia, cólicas e dor de dente.
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| Antigo colégio dos jesuítas, em Salvador, onde era produzida a Triaga Brasílica. Foto: Reprodução/Frond, Benoist |
“Ele é um livro que vai contextualizar e retratar uma parte da história do Brasil de uma forma muito original. Manuscrito, único e não-publicado, é muito importante ele ter sido incluído [no programa]”, conclui Maria Cláudia.






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