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| Imagens obtidas na investigação na floresta tropical de Petén, no Norte da Guatemala DR |
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Um grupo de investigadores conseguiu retirar, de forma digital, a cobertura florestal de imagens aéreas da floresta tropical do Norte da Guatemala, com recurso à tecnologia LiDAR – abreviatura de Light Detection and Ranging (“Detecção de Luz e Variação”, em português). O resultado foi um mapa 3D da superfície da Terra, com mais detalhe do que aquele que seria possível retirar de anos de exploração de campo.
A LiDAR usa a luz laser para retirar uma amostra comprimida da superfície da Terra – emite milhões de pulsões laser em intervalos de quatro segundos, a partir de um avião ou de um helicóptero. Os comprimentos de onda do laser são então reflectidos e medidos – “não muito diferente da forma com os morcegos usam o sonar para caçar”, descreve a BBC. As medições são usadas para produzir uma imagem a três dimensões da superfície do solo.
Estas imagens permitiram identificar mais de 60 mil estruturas – a maioria estruturas em pedra que poderiam ter servido de apoio a cabanas de madeira e colmo. Foram ainda identificadas várias estruturas de defesa como fortes e muralhas, o que permite concluir que os maias dedicavam mais recursos à defesa do que os investigadores acreditavam.
“Acho que este é um dos maiores avanços em mais de 150 anos da arqueologia maia”, disse Stephen Houston, professor de arqueologia e antropologia da Universidade Brown, EUA, à BBC. Descreveu ainda que os mapas do LiDAR eram “de cortar a respiração”.
Thomas Garrison, arqueólogo do Ithaca College, EUA, disse ainda à BBC que a densidade populacional foi “grosseiramente subestimada” e que pode “ser três ou quatro vezes maior do que aquilo que se pensava anteriormente”.
Apesar de optimistas com o potencial da LiDAR – que poupou anos de investigação aos cientistas –, Thomas Garrison salienta um dos principais problemas desta tecnologia: “A parte complicada da LiDAR é que dá uma imagem de 3000 anos de civilização maia comprimida. Coloca-nos mais desafios numa altura em que ainda estamos a aprender mais sobre os maias.”
A mesma tecnologia já foi usada para revelar os templos de Angkor Wat, no Norte do Camboja.
As descobertas na Guatemala foram possíveis graças a um projecto de três anos de uma organização que promove a preservação da herança cultural: a Fundação Pacunam. O objectivo é mapear mais de 14 mil quilómetros quadrados das terras baixas guatemalenses.
Estas descobertas vão ser divulgadas ao pormenor num programa do canal britânico Channel 4, Lost Cities of the Maya: Revealed (As cidades perdidas dos Maias: Reveladas, em português), que se estreia a 11 de Fevereiro.
Fonte: Público


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